Da série: Sentimentos Reais
Tristeza é…
Cada um tem sua própria definição desse sentimento. Cada um a sente de um jeito muito próprio…
É uma sensação que faz parte da gente. Sim, ela é natural.
E é um sentimento que não dá pra desconsiderar ou não devíamos.
Como vivê-la? Ignorar? Se agitar? Coibir?
Como pensá-la? Procurar por culpados? Por motivos?
Como lidar com ela? Esperar passar? Alguma providência?
Alguma vez você já ignorou a alegria? Com um série da Netflix ou com um pote de sorvete, ou ainda, estourando o cartão de crédito numa loja qualquer? É certo que ninguém sai por aí se esvaindo porque está alegre.
Saí-se por aí, a fazer essas coisas porque está triste. E para estancar uma carência.
Estes dias conheci um pedaço de mim que me surpreendeu… a minha versão profundamente triste.
Tantos comportamentos tentaram me invadir.
Me senti apática, parada e triste. Depois determinada a eliminá-la. Mas será que é o melhor pra mim?
Mas entrar em contato com sentimentos que tiram a gente da gente mesmo é um tanto desaconchegado.
Não encontrei consolo e ninguém que tapesse esse vazio descomunal. E eu não quis preenchê-lo de verdade. Decidi que queria conhecer a tristeza me relacionar com ela, apesar de…
A tristeza te deixa sem voz, sem cor, sem movimento. Ela não tem classe social, etnia ou gênero. Ela não quer saber se você tem “coisas pra fazer”, simplesmente chega e fica. Igual quando a gente pára no ponto de ônibus para esperar a próxima condução.
Em muitas vezes gente até tenta dizer seu nome, mas o embargo na garganta não deixa ele sair.
A dor invisível, assintomática, bucólica, ressentida. Sem previsão de ir embora, veio e por um momento grande se instalou.
Se ela pelo menos tivesse forma, se pelo menos tivesse uma razão, mas tudo que ela faz é doer e crescer.
Uma admirável mulher me disse uma vez: encare-a de frente, não tenha medo, não fuja. Trate-a com respeito. Uma hora ela para de ser sentida. A impressão que eu tenho é que a boia esqueceu de me segurar e eu afundei nesse processo de autoconhecimento.
Não existem garantias. Ser bárbara não significa estar plena o tempo inteiro como um robocop que só dá fim nas situações.
Falando sem imperativos e imposições, ser bárbara é ter coragem de ir em você, onde ninguém nunca foi e talvez nunca irá, é ter contato com a sua sensibilidade de uma maneira simples e sua.
Bárbara é aquela mulher que se defende e se explora para se fazer bem, e nutrir uma mente sã diante da tristeza.
Necessidade de colocar a ferida para fora, ferida exposta que é curada.
Tem vezes que não deveríamos mexer em certas coisas. Não deveríamos, mas mexemos porque a necessidade faz isso com a gente.
Então mesmo que ela venha acompanhada por padecimento, aguente firme. Da mesma maneira que ela chegou, vai ir embora.
Chorar uma noite é ok, contando que de manhã ela vá embora.
Faça amizade, não guerra. Não a oprima, deixe-a solta. Dê espaço e não tente juntá-la dentro de um saquinho. Assim como a alegria precisa de ar para ser vivida, a tristeza também, para ser esclarecida.
E se não der, o remédio não é uma mão estendida. Ele camufla, varre a sujeira para baixo do tapete e eu não sei você, mas eu não quero ter uma casa eivada.
Ao contrário, faça perguntas para ela, se sente para tomar café. Comer bolo também ajuda. Entenda-a, compreenda-a, chore com ela e por ela. Ela também é sua, também faz parte do todo.
A minha maneira de lidar é: olhar para fonte e perceber como Ele se comportou. Jesus teve vontade de chorar e chorou. Sentiu seu espírito profundamente triste e viveu. Veja que a tristeza não o parou. Simplesmente o fez respirar.
É isso! A tristeza chega para nos fazer respirar. Você já se afogou alguma vez? O apoio já saiu dos seus pés? É uma sensação sufocante. Pode ser que ela tenha vindo para trazer ar aos meus pulmões, só assim é possível desacelerar e pausar.
Talvez ela tenha chegado para retratar casos mal resolvidos, para sugerir nomes, para mudar comportamentos, pensamentos e me fazer metamorfosear.
Pra cada um é diferente… acho que a tristeza chega para nos provocar, pra dizer o que precisamos escutar.
E com fé, assim como veio, vai embora. Mas não deixe-a ir sem antes se haver com ela.
Seja bárbara mesmo que ainda triste, ela não é o pior dos males.
Abraço apertado,
Bah Georgiane