Você sabia que é possível confundir os sentimentos de cansaço e insatisfação? É possível estar insatisfeita e achar que é cansaço, e o contrário também – você pode estar cansada e está enxergando sua vida cinza.

Porque a insatisfação puxa nosso olhar para baixo, para o descontentamento.

Quando estamos insatisfeitas não conseguimos nos lembrar o que é bom porque a insatisfação tende a ser extremista, ela anula tudo de bom e ressalta só o que é ruim. Aponta só os defeitos, o negativo, a falta.

Já o cansaço passa. Se resolve com esperança, com uma folga caprichada, com uma mente espairecida.

Se você, se interessa por esse assunto: pega um cházinho de hortelã, ouça Nada Que o Teu Amor Não Possa,  ao fim desse texto para refletir em que momento você está, porque aqui vou contar como me resolvi essa situação.

 

 O que é cansaço?

Antes de saber o que é, talvez seja importante entender qual o caminho que se depara com ele.

O cansaço chega quando decidimos que vamos dar conta de responsabilidades que o corpo e a mente não estão preparados.

Estar cansada é uma decisão que tomamos quando de consciência livre decidimos assumir mais um compromisso, além dos inúmeros que já temos. Dificilmente uma mulher não tem o que fazer.

O cansaço nos ataca quando nos achamos demais, só que nossa estrutura não acompanha a vontade que nos seduz dizendo: se fizermos isto, ou aquilo às pessoas vão ver o quanto somos poderosas – maravilhosas e nessa hora, somos pegas por acreditar nisso.

Quando a verdade é que sim, podemos fazer qualquer coisa que nos propusermos, nós meninas temos o dom de ir além, de dar mais um passo, de correr mais uma milha. Mas ao preço de se sentir muito cansada.

Por isso, é importante lembrar onde foram parar nossas decisões.

O cansaço está diretamente ligado às escolhas que fazemos.

Quando decidimos receber cinco amigos dos filhos em casa para fazerem um trabalho de escola, onde você precisa providenciar o almoço, o lanche, dar apoio às dúvidas que eles têm, estar com a casa limpa e organizada mesmo trabalhando em home office e no fim da tarde faz um tour entregando cada criança em casa,  foi neste momento que decidiu ficar cansada. 

 

O cansaço chega quando existe sobrecarga

Claro que é possível se sentir cansada mesmo sem abusar das tarefas, mas é algo que oito horas de sono resolve. Quando a noite não é o bastante para recarregar sua energia é um sinal de desequilíbrio.

O caminho do cansaço é inocente, nos abraça sem percebermos e quando a ficha cai, é tarde demais para voltar atrás. “- O que os outros vão pensar se eu disser que pensei melhor e quero me desfazer de alguma tarefa? – Que eu sou fraca, não tenho capacidade, que estou ficando mole.” Diz a verdade: até a gente pensa isso de nós mesmas.

Vencer o cansaço se trata de pôr as coisas na balança e a cabeça no lugar. Quando você diz sim para uma ocupação que não pode arcar, está dizendo não para você. Isso nos prende, nos rouba, nos limita.

E quem dá conta de viver assim? Vez ou outra vá lá, mas com recorrência é um perigo para sua alma, sua mente e seu coração.

Uma vez quando me recusei a receber mais uma tarefa porque estava com sobrecarga de trabalho, uma mulher condicionada me disse: “- passo apertado anda melhor”. O que ela estava me dizendo é que muito trabalho é bom.

Mas o que realmente penso sobre isso é: ter mais coisas para fazer do que eu consigo realizar não é sinal de força e sim de fraqueza, isso mostra que eu ainda não entendi os meus limites.

O cansaço é resolvido com uma boa noite de sono mas também com planejamento e quantos “nãos” forem necessários.

 

Insatisfação, como não confundi-la?

A insatisfação é um sentimento de desagrado.

É quando perdemos o prazer em algo que um dia já nos satisfez. A insatisfação pode vir carregada da decepção e para isso é preciso um olhar atento para se confundir. Quando isso acontece é algo pontual que se resolve levando em consideração seu propósito.

Esses sentimentos podem nos levar ao desagrado, mas eu percebo que a insatisfação é um sentimento de dentro que vem acompanhada por mudanças internas.

Para mim a insatisfação nos remete por 2 motivos:

  1. porque sofremos transformações
  2. porque queremos algo que vai além de nós

Quantas vezes nos tornamos insatisfeitas porque mudamos por dentro? 

Queremos algo além do que nossa capacidade suporta?

Quando a mudança acontece

O melhor tipo de insatisfação é aquela que aponta que existe algo errado com aquele momento. 

Sabe quando amamos as segundas-feiras porque vamos trabalhar com quem a gente gosta, fazendo coisas que amamos e até o que dá errado no trabalho é bom? O famoso, “tá ruim, mas tá bom”? Mas de um dia para o outro esse sentimento some e precisamos tomar café a rodo para suportar o tempo passar.

Nosso rendimento cai, a visão fica turva, cinza e uma vírgula fora do lugar nos irrita tanto que coitado de quem está por perto para aguentar o mal humor e a reclamação fora de controle.

Nossa bússola passa a apontar para outro lugar, mas não sabemos para onde, é nesse momento que a insatisfação bate na porta.

Muitas vezes ficamos insatisfeitas porque mudamos de fase na vida, o que nos preenchia, agora não faz mais sentido e não se conhecer pode gerar essa confusão: parecemos estar cansadas, quando na verdade – estamos descontentes.

E se formos sábias podemos usar esse descontentamento a nosso favor, porque ele pode ser uma oportunidade de fazer algo diferente do que já fizemos até aqui.

Na vida ideal, conforto e estabilidade podem parecer muito atraentes, mas ter a possibilidade de ser elástica é muito melhor. 

Uma insatisfação que nos direciona para um novo rumo é um caminho a ser percorrido porque com sensatez ela pode nos levar para uma nova parte de nossa história que vamos amar. Daí a importância de distinguir nossos sentimentos. 

 

Oscar Wilde, disse: a insatisfação é o primeiro passo para o progresso humano. 

Identificar quando a insatisfação vem acompanhada de progresso nos faz viver em níveis mais profundos na vida, amplia nossa capacidade de sentir e viver o que foi reservado para nós.

 

Desejos irreais

Outro motivo que causa insatisfação é ter vontades fora da realidade.

Posso me dar como exemplo aqui, eu nasci grande. Minha tia conta que quando sai da barriga da minha mãe parecia um bebê de 3 meses, eu pesava 5.800kg. E essa característica sempre me acompanhou, sempre fui grandona para minha idade, aos 12 anos media 1,75 cm, sempre tive quadril largo e pernas grossas. 

Esse inclusive é um dos atributos que há três gerações acompanham as mulheres da  minha família.

Minha avó e suas irmãs tinham quadris largos, minha mãe e minhas tias receberam a mesma herança e por fim eu tenho e passei essa genética para minhas meninas.
É impossível modificar nossa estrutura para transformar nossos corpos parecidos com o das modelos que desfilam na Fashion Week.

Mesmo assim, sempre fui criticada pela minha mãe por meu corpo ser o que é. Durante muito tempo, mais de 30 anos eu vivi insatisfeita com meu físico.

Fiz dietas malucas, tomei remédios, enzimas, tratamentos estéticos para chegar a um modelo que só existia na minha imaginação e para atender a um ideal na cabeça da minha mãe que foi inserido em mim.

Eu jamais vou ser uma mulher pequena. E nesse caso a insatisfação com meu porte não me ajudou, na verdade me colocou em alguns apuros, porque me fez estar infeliz em momentos lindos da minha vida.

Entenda sua insatisfação

Demorou trinta anos mesmo até eu decidir me amar exatamente como eu sou, mesmo com todas as opiniões contrarias, mesmo sendo a minha mãe a me julgar.

Eu convivo comigo, só eu sei as histórias das marcas que eu tenho, demorou muito para eu entender mas hoje sei que levar minhas insatisfações ao pé da letra não faz tanto sentido, se não for coerente. As vezes queremos mudar o imudável.

Estamos em um momento da história que aparecer vale mais que ser. E por isso, caímos na armadilha de nos comparar e estar insatisfeitas por causa de comparação, é cruel conosco.

Para lidar com isso, é importante perceber que cada uma de nós é única e que existe um plano debaixo do céu para cada uma de nós, o que nos levará a ter vidas diferentes umas das outras.

 

O remédio para a insatisfação por sempre querer mais: o contentamento

A insatisfação é boa quando ela te leva para frente na narrativa de sua vida.

Quando nos encontramos acima do peso e decidimos perder alguns quilos, se alimentar melhor e se exercitar para não correr o risco de ter diabetes, pressão alta e outras doenças da obesidade, é legal,  mas também é fazer isso porque queremos nos sentir melhores conosco.

Estar insatisfeita é bom quando precisamos de mais dinheiro e investimos em um curso de aperfeiçoamento para impulsionar uma promoção no trabalho e consequentemente aumentar nosso salário.

A insatisfação nos ajuda quando a usamos para abrir portas, construir relacionamentos e deixar um legado.

Mas para conquistar usando a insatisfação é preciso ser contente com o que temos e com quem somos porque assim é possível partir para um lugar de mudança.

O primeiro passo para se equilibrar na insatisfação é buscar o contentamento.

 

A diferença de estar insatisfeita e ser insatisfeita

Estar insatisfeita diz sobre um período da vida, é temporal, é resolvível.

Ser insatisfeita diz sobre ingratidão, é quando se leva em consideração o que não possui e despreza aquilo que já conseguiu.

A mulher insatisfeita reclama constantemente, busca uma perfeição que não existe, persegue fantasias que só estão em sua imaginação. E o grande problema disso é a infelicidade crônica. Onde nada, nunca está bom.

E quando chega nesse extremo só uma decisão pode fazer com que desviemos desse caminho. 

 

Admitir que estamos insatisfeitas por ter metas irrealistas é olhar para a cura

Muitas vezes a insatisfação vai querer nos atingir nos fazendo desejar o que não podemos ter e é preciso ficar de olho quando esse tipo de descontentamento cirandar perto de nós.

Eu acho que foi assim com Eva, ela não poderia comer aquele fruto que Deus disse, mas um dia ela se viu insatisfeita por não ter “aquele fruto”, desconsiderando todos os frutos que estavam à sua disposição.

Muitas vezes eu me vejo como Eva, querendo coisas que eu não posso ter, que não são para mim, que ao invés de bem, me fará mal – mas a graça de Deus me lembra que existem caminhos maiores e melhores que os meus, se eu confiar e obedecer o propósito do meu Criador. 

Ser insatisfeita é uma escolha que nos faz perder tempo.

Fazer essa distinção é essencial para romper com a insatisfação, existem muitas coisas que queremos e outras que precisamos, antes de ir atrás dos nossos desejos é importante se estabelecer com as nossas necessidades. 

Nós, seres humanos fomos criados com “uma falta” é isso que dá movimento à nossa vida. E esse é o filtro certo para olharmos as insatisfações. Nem todas as faltas poderão ser supridas. Não é saudável, nossos desejos nos enganam o tempo todo.

Nem sempre teremos tudo que quisermos e tá tudo bem se pensarmos que nascemos sem nada e deixaremos esta terra só com o que vivemos. Eu não quero que o sentimento mais presente da minha vida seja a insatisfação, e você?

 

Perceba que o necessário nos faz feliz

Então… descanse quando o corpo doer, as palavras fugirem da sua mente, o estresse te fazer suar e traga a sua memória quem você é, posso apostar que é o suficiente para te tirar da insatisfação.

Para o cansaço, sossegue, se tranquilize e durma…

Para a insatisfação, coloque a cabeça no lugar e tome uma atitude.

 

beijos bárbaros