Da série: Os sentimentos pelo lado de dentro

 

O que você já fez movida pela carência que te prejudicou?

 

Um dia me fiz a seguinte pergunta: porque eu sou munida de tantas habilidades que não me levam a lugar nenhum? Se no final eu não sei o que fazer com elas. Se elas não me projetam, se elas não me promovem?

Então, como num estalo percebi que uma das causas disso era a carência.

O dicionário disse que carência chega por necessidade de alguma coisa básica; falta, privação. E me faltaram muitas coisas na vida…

Não sei se você sabe o que uma pessoa carente é capaz de fazer? Ela vai até o fim. Claro que o fim é diferente para cada um.

No meu caso a carência me levou a aprender coisas… muitas coisas…

Aprendi tanto, por causa da carência e como recompensa ganhei o perfeccionismo. Não sei ao certo quando me tornei perfeccionista – e isso não é um adjetivo é uma praga.

Aprender não é uma coisa ruim, mas eu cheguei ao extremo de dar como moeda de troca tudo que eu sabia e conhecia, por um pouco de aprovação.

Em algum momento da minha vida, descobri que quando ajudava as pessoas com mais do que elas esperavam, isso as deixava satisfeitas comigo e causava nelas um certo nível de admiração por mim, essa foi uma das causas que me motivaram a buscar intensamente por aceitação.

Gostei desse sentimento de ser aceita, em estar em um lugar que me sentia aprovada. Só que isso não era uma coisa “tão boa assim”, não como aconteceu pra mim, não como eu decidi levar isso em frente.

Por causa disso ficava andando em círculos, presa na carência, que me jogava para o perfeccionismo e desembocava no realizar.

 

O problema da carência

O problema da carência é que cada vez a gente quer sempre mais, a cada migalha de sentimento que ganhamos, nos torna ainda mais insaciáveis. E aí começa uma busca frenética em direção ao “caos interior”.

A carência faz com que nos deixemos de lado para colocar os outros em nosso lugar. E pensa em uma vivência de anos desse jeito. Que estragos trás a uma certa altura da vida.

Não é dar preferência ao outro, é dar total primazia sobre a gente.

Até que ponto isso é saudável?

O que é totalmente contrário ao que Deus deixou pra nós. Em seu segundo mandamento Ele disse: “amar ao próximo como a ti mesmo”. Me senti tão boba quando entendi o sentido real desse mandamento, se eu não me amo o suficiente primeiro, como posso amar ao outro?

Tive toda sorte de problemas que uma pessoa carente poderia ter. Fui a extremos que nunca gostaria de ter estado, porque a carência aumentou demais a régua da exigência minha vida.

Reconheço também que causei problemas a algumas gentes, prendi elas na dependência emocional que a carência me trouxe. Pensa numa coisas dessas…

Coisa ruim não anda sozinha.

A descoberta

Minha confidente disse que o ser humano é dominado pelos três “As” na vida:

Aprovação, Aceitação, Amor

Isso explica muita coisa.. Porque as pessoas são o que são… Porque elas tem o que tem… Porque elas fazem o que fazem.

Percebi que os “as” da minha vida me aprisionaram, porque me faltaram como uma necessidade básica, porque não aprendi que eu poderia fazer isso por mim mesma.

A essa altura não quero intitular os culpados. Eu não preciso mais deles. Decidi os libertar e deixá-los ir.

Nesse ponto, não vale a pena carregá-los comigo. Acho que não tenho tempo e nem saúde para amargurar eles.

Depois dessa descoberta eu só quero paz.

Reconhecer que “sofria de carência”, me trouxe paz.

Eu sei é estranho. Parece loucura, mas não é.

Porque saber disso deu nome a um problema. E problema só pode ser tratado de verdade quando sabemos quem ele é, de onde veio e como ele vai evoluir.

Só assim conseguimos optar pela cura. 

 

Lembrei disso

Uma vez estava com a minha mãe num pronto socorro e vi os médicos tratando de uma pessoa muito ferida. Seus machucados estavam colados na roupa, cheia de sangue e pus e todo tipo de sujeira.

A pessoa tinha caído de uma ribanceira com o carro e demoraram dois dias para encontrá-la, estava com muitas escoriações, mas como demorou tanto tempo para ser atendida, ficou apática a dor, parecia que estava anestesiada.

E apesar de ter seus ferimentos minando sangue, água e pus, ela não chorava ou reclamava só ressentia aquele estado.

Mas a situação mudou quando os médicos e os enfermeiros chegaram com os resultados dos exames com a notícia de que nada havia sido quebrado, ela só estava ferida.

Nunca vi ao vivo uma pessoa gritar tanto por uma ferida que já tinha se acalmado. Deu muito trabalho pra aquela equipe. Arrancar aquelas roupas que saiam com a pele e tudo, lavar cada pedacinho que estava cheia de terra. Sugar o pus que já estava fedendo.

Foi horrível assistir aquilo, não tinha um que estava perto que não chorava e se compadecia.

Menos os médicos, porque eles sabiam que aquilo era para a cura. E não era feito de qualquer jeito. Eles limparam cada pedacinho daquela pessoa, conferiram se nenhuma sujeira tinha sido deixada pra trás, ficavam repetindo isso. – senão depois ela pode pegar uma infecção, e se não morreu na queda, pode morrer por uma bactéria.

Lembrei desse episódio de anos atrás e ele que me explicou o meu retrato hoje. Eu não morri porque fui uma criança carente, mas quase me matei por causa dos desdobramentos que me feriram por causa dela.

Transitei por tantos momentos de dor e aflição, que isso quase me fez parar de respirar.

Carência não é brincadeira. Ela, se não tratada pode nos levar ao fundo de poços que são melhores que a morte. E se não tratar, pode levar a depressão.

Durante esses últimos anos me submeti ao tratamento de Deus, que não apenas me salvou de mim, mas está limpando e sarando cada uma das feridas da minha alma.

 

A cura

Falando nisso você já percebeu a diferença do cuidado de um médico e o cuidado de um pai?

O médico preocupa-se em salvar e o pai em cuidar até que ferida sare.

Foi assim que aconteceu comigo, precisei estar exposta a Palavra de Deus e permitir ser confrontada, consolada, amada, aprovada e aceita por ela.

O Senhor Jesus é perfeito em nossas vidas, não há nada que Ele não tenha o poder de consertar em nós.

Eu precisava ser salva antes de ser curada. Porque a salvação implica em eu autorizar Ele a mexer em mim. Já o cuidado implica em eu aceitar que Ele lavasse meus sentimentos, consertasse minhas emoções, trocando todos os sofismas pelas verdades que só o céu tem para os filhos de Deus.

 

A surpresa

Hoje, olhando para esse texto que eu jamais pensei que pudesse escrever um dia. Jamais pensei que daria nome a algo tão íntimo e para muitos constrangedor e vergonhoso. É, pode parecer uma vergonha, mas escondê-lo não vai resolver o problema.

O Seja bárbara nasceu como uma necessidade de dizer o que ninguém diz, em tocar e falar de assuntos, pelo lado de dentro. Ser bárbara, não é PARECER BÁRBARA. Ser bárbara, é ser importante para você primeiro. É se tratar como respeito e o cuidado que você tem pelas outras pessoas.

O desejo de PARECER UM DIA ACABA, deixa de fazer sentido. Se você sente uma falta profunda e não sabe o que possa ser… Talvez esteja com falta de você.

Para ter minha carência curada, precisei descobrir quem era eu na minha história. E o que eu poderia fazer por mim. Porque muitas vezes temos a mania de terceirizar o que só nós podemos fazer pela gente mesmo.

Queremos o amor do marido, dos filhos, dos pais, dos amigos, mas não nos damos o trabalho de nos amar também.

O contrário disso se chama egoismo. Percebe como os extremos nos fazem mal.

 

Sobre os 3 “As”

Antes de fazerem sentido para qualquer pessoa, eles precisam fazer sentido para nós.

Eu preciso me amar primeiro!

Eu preciso me aceitar, primeiro!

Eu preciso me aprovar primeiro!

Só assim vamos equilibrar a balança.

O fato de estarmos aqui, prova que Deus acredita tanto em nós que já nos amou, aceitou e aprovou.

Parece simples, mas é a chave para a cura.

Se Deus, que é todo poderoso, que “amou o mundo de tal maneira que deu seu filho, Jesus, para que todo aquele que nele crê, não pereça mas tenha vida eterna!”, investiu tudo em nós, por amor, aceitação e aprovação e se nós mesmos fazemos isso por nós? Pronto acabou. Tá tudo certo agora.

Se você percebe alguma falta que está de corroendo, quero te convidar hoje para entrar para dentro. É do lado de dentro que entendemos o que está acontecendo lá fora. É consertando as coisas por dentro que as de fora são resolvidas. 

É um processo, e eu detesto processos, mas são inevitáveis e indispensáveis mas principalmente, são muito recompensadores.

Já galguei algumas léguas e estou pronta pra andar quantas milhas sejam necessárias para que ninguém que cruzar o meu caminho, o percorra.

Seja bárbara, se ame, se aceite e se aprove em primeiro lugar!

Seja boa com você primeiro!

Nada é, Tudo está!

 

 

 

 

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e me ajude na missão de tornar mulheres bárbaras emocionalmente saudáveis.